11.18.2007

Esses dias andei passeando por um universo muito particular, em escala de azul e cinza. Teve muito chocolate, muito álcool, muitas coisas por lá. Cheguei a perder a paciência com ser lírica. Me senti empacotada, etiquetada e classificada como um tipo que é tão menor do que eu sei que eu sou. Imagina então tudo o que eu não sei ou ainda não reconheço em mim.

Eu me olho, me olho sim. Enquanto que o seu inferno está cheio só de boas intenções. Guarda elas bem, numa caixinha de veludo vermelho amarrada com um laço, onde antes tinha quatro trufas de chocolate amargo. Quando a gente se des-envolver, pode até abrir a caixinha. Pois eu não quero mesmo ter que desacreditar tudo que tinha de sentimento bom aqui.

5 comentários:

Anônimo disse...

sabe o que eu muitas vezes penso? que a gente sempre tá tentando fazer algo impossível...sempre tá em busca do que é mais difícil, sempre querendo o que não serve pra gente, sempre acreditando de que seremos capazes de transformar alguém, alguma coisa, qualquer coisa...pra, sei lá, nos sentirmos melhores do que algum já nos sentimos? pra, não sei, só assim reconhecer nosso valor? Por que não conseguimos ver as pequenas coisas que fazemos todos os dias como grande coisas? Por que não conseguimos fazer com que além de nós mesmo o resto do mundo fique feliz porque simplesmente existimos? Por que sempre precisa tudo ser grande e lotado de significado, por que temos que explicar tudo o que sentimos, fazemos, queremos...por que é tão dificil simplesmente viver? Sabe? Viver, tipo, passar o dia, sem ter que penser nos tantos porques...?
Por que a gente tem que explicar, justificar, exemplificar, questionar, e blá, blá, blá, o que a gente sente?? Um dia, um dia só em que consigamos passar sem nada disso e só vivendo...Deve ser um discurso puta idiota esse, aposto que várias pessoas vão ler e dizer quem é esse imbecil que escreveu tudo isso? Mas aí que vem a tla coisa do viver: FODA-SE!!

cabiria disse...

tem sentido até demais no que vc disse. é que tem gente que não consegue só viver, sem tentar encontrar significados. eu, por exemplo, sou assim. acho linda a idéia de viver plena e simplesmente. mas pela minha personalidade, não funciona. não consigo. eu preciso entender, preciso de preto no branco. não gosto de escuro.
não conseguimos ve ras pequenas coisas como grandes coisas, e nunca estamos nos sentindo plenamente bem, por uma coisa dessa vida louca e "moderna". a gente quer sempre mais. a gente nunca se contenta. a gente quer sempre melhorar. quando conquistamos alguma situação, ela passa a ser normal. e a gente não quer ser normal. é meio angustiante, e triste até. mas é da natureza humana, acho, tentar sempre se superar. sei lá se estou sendo arrogante ao descrever os meus sentimentos como os da natureza humana.
eu acho lindo e super certo tudo o que vc falou de simplesmente viver sem que ter que se justificar e se explicar sempre. mas eu, pelo menos, não consigo.
muitos beijos, e fica bem...

Anônimo disse...

Juro que eu não tô facilitando as coisas, fugindo de alguma realidade... Não! não mesmo! E muito menos sendo pouco ambiciosa, por simplesmente querer dar valor a coisas pequenas. Mas acho que tem mais a ver com o lance da densidade... Tornar tudo tão denso será que às vezes não é uma forma de fugir do assunto? Cria-se um monte de teorias, um monte de explicações, até que perde-se o foco do que realmente importava...
Sei lá, destrinchar as coisas, pensamentos sentimentos, sim, se faz, natureza humana...mas não tem jeito, eu acredito em coisas que acontecem, sem nenhuma explicação, acontecem porque além da capacidade de pensar, da nossa razão, a gente tem a força de um olhar que muitas vezes vale um milhão de palavras...
(sim, sou romântica e não tem mais jeito...)

Anônimo disse...

posso falar apenas da minha experiência. usem com moderação (ou não)

eu passei anos da minha vida em uma situação péssima, sem dinheiro, todo mês o pouco dinheiro que eu conseguia com meu trabalho era para pagar o saldo negativo no banco.

isso para um marido e pai de um garoto de 5 anos era de um sofrimento sem tamanho.

e... todo dia lá estava eu amaldiçoando deus e o mundo pelo meu infortúnio.

até que um dia uma crise braba me obrigou a me separar de minha esposa.

eu não sei vocês, mas eu sou pai. sou PAI. imaginar ficar longe do meu filho. vê-lo apenas nos fins de semana. imaginar um outro cara cuidando do meu filho. Meu coração congelou e nada mais fazia sentido ou me importava.

passei o cão. decerto que pode ser nada para outras pessoas. mas eu não sou outras pessoas. sou eu e sofri o cão.

foi nessa crise que, ouvindo uma velha música espanhola, cuja letra diz:

"caminante no hay caminho
se hace caminho al andar"

tive uma luz. a minha vida estava como estava pois eu estava trilhando esse caminho.

decidi trilhar no caminho. e como o poema diz, não há caminho, o caminho se faz ao andar. Andei.

risquei duas palavras do meu dicionário mental *culpa* e *vitima* e grifei em negrito a palavra *responsável*

a partir desse dia EU era o responsável pela minha vida. o único responsável.

aprendi que a gente só melhora quando é grato pelo que já tem.

A vida nos dá mais do que sentimos, se sentimos mal, a vida nos dá o mal, se sentimos bem, a vida nos dá mais bem.

bom... o resto fica para outro post, mas o resultado é que vivo bem com minha família, meu saldo no banco é positivo e sou muito grato por tudo.

cabiria disse...

obrigada, obrigada, obrigada por esse comentário, esse depoimento. pela disponibilidade em partilhar essa história. tá me fazendo pensar. e pensar é bom.